Uma leitora enviou essa carta para o blog Teorias do Crime sobre a legalização da maconha.
Os defensores da legalização do uso da maconha invocam o filósofo inglês John Stuart Mill, citando sua célebre frase "sobre si mesmo, seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano". Como o senhor analisa esse ponto de vista?
Fergusson - Essa é uma visão interessante, mas omite que o indivíduo não paga a conta das conseqüências adversas de suas opções pessoais. Essa não é uma questão meramente existencial, tem conseqüências econômicas e sociais. Quem paga a conta é o governo - ou seja, é toda a sociedade -, que tem de fazer frente ao aumento da demanda na área de saúde, por exemplo. Submeter o corpo do indivíduo a sua exclusiva responsabilidade somente faz sentido se ele também se responsabilizar pelos custos totais de suas escolhas. Mas o que ocorre é que os indivíduos exigem que a sociedade banque o custo de suas experiências pessoais e não admitem que ela tenha o direito de regular sua conduta. É uma visão muito unilateral.
EU ACRESCENTARIA: A FAMÍLIA PAGA PREÇO ALTO, EMOCIONAL E FINANCEIRO, ANTES QUE O GOVERNO, O EMPREGADOR, ETC, PAGUEM
Coloquei trecho de entrevista na postagem anterior para reflexão quanto aos argumentos de "liberdade de fazer o que se quer com o próprio corpo" a qualquer custo, não importando mais ningúem (quanto individualismo!!!).
Sobre a equação e a conclusão do que é mais danoso, discordo de João. A partir de que dados ele afirma que a proibição da maconha é ainda mais danosa à sociedade? Acaso se ela for liberada os traficantes passarão a exercer ofícios não danosos? Ou serão que intensificarão ainda mais o tráfico, vendendo maconha mais barata no mercado negro e altamente rentável? Ou será que descerão ao asfalto para cometer os mais variados crimes? Ou será que recrudescerão ainda mais o assédio aos usuários para que usem outros tipos de drogas, ainda ilegais?
Além disso, penso que os que defendem o uso da maconha medicinal deveriam provar, detectar e isolar os princípio(s) ativo(s) terapêutico(s) da planta para então criarem-se medicamentos efetivos, a exemplo da morfina e codeína vindas do ópio (igualmente fumado e planta natural como a maconha) e da coca (tb inocente plantinha), com sua xilocaína. O que não dá é para acreditar que o cigarro, o "baseado" seja medicinal, pois causa mais danos do que benefícios à saúde e para isso não precisamos de pesquisas científicas, basta conhecer um usuário qualquer.
Aos que alegam direito à maconha recreacional, solicitaria que revissem seu conceito de recreio e prazer, uma vez que não há esses sentimentos reais em nenhuma droga, tudo é ilusório e impeditivo de que a própria pessoa alcance verdadeiros estados de relaxamento e euforia. Além de haver efeito rebote, dependência etc. Seqüelas tb. Tal qual a alopatia, que ataca o sintoma e não a causa, a pessoa não está a recrear-se ou a relaxar verdadeira e profundamente, está apenas a maquiar seu real sentimento e a viver sob constante torpor.
Postado por Mariana no blog TEORIAS DO CRIME - UM SEMINÁRIO em 4:55 PM
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