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10.19.2006

Políticas públicas, alcoolismo e suicídio

A internet permite que os pesquisadores busquem dados em lugares diferentes do mundo. Pesquisando as conexões entre o consumo de bebidas alcoólicas e as taxas de suicídio, voltei às antigas repúblicas membras da União Soviética, que servem como laboratórios devido à política de redução do consumo de álcool implementada por Gorbatchev. A Látvia é um exemplo claro: o gráfico ao lado, parte de um excelente estudo de E. Rancans, E. Salander Renberg e L. Jacobsson que analisou as taxas de suicídio entre 1980 e 1998, demonstra claramente o" efeito Gorbachev" (a baixa no consumo de álcool e na taxa de suicídio) e do seu abandono ( alta nas duas taxas). Depois do desastre que seu abandono e o crescimento do capitalismo selvagem provocaram, vieram novas políticas públicas mais inteligentes e o resultado se fez sentir: caíram os suicídios, outra vez. Uma das linhas se refere ao consumo de álcool e outra à taxa de suicídios. O primeiro ano, do lado esquerdo, é 1980 e o último, do lado direito, é 1998.
O estudo, "Major demographic, social and economic factors associated to suicide rates in Latvia 1980–98" foi publicado na Acta Psychiatr Scand 2001: 103: 275–281.

Algumas observações são necessárias:

  • as políticas públicas afetam o comportamento dos indivíduos, saibam êles ou não;
  • os gráficos representam vidas humanas salvas ou perdidas;
  • quem bebe além da conta, sobretudo os que praticam o binge drinking (tomar porre, beber muito de uma só vez) aumenta muito o risco de doença grave, suicídios, acidentes e homicídios
Em alguns países o suicídio é crime. Não coloquei o exemplo aqui porque acredite que seja ou deva ser crime, mas porque segue o mesmo tipo de relação com políticas públicas que alteram o consumo do álcool, limitando o seu excesso, que os homicídios, a violência doméstica e os acidentes.


Tente ajudar alguém e é possivel que sua própria vida fique mais bonita.

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