O reconhecimento do corpo pode provocar traumas, como a aparição de flashbacks, cenas não invocadas nas quais aparecem o corpo e/ou outras memórias visuais vinculadas à morte ou ao morto. A freqüência destes aparecimentos não desejados se relaciona com ter/não ter sido a pessoa que identificou o corpo.
Essa descoberta empírica tem implicações para políticas públicas que visem diminuir o trauma das vítimas ocultas, já traumatizadas pela morte e outros eventos e processos que decorreram dela. É importante protegê-las, evitando, entre outras coisas:
- o contato com os papa-defuntos no IML, necrotério, local da ocorrência, delegacia;
- atravessar o "corredor da morte", no qual outras pessoas aguardam a identificação dos corpos de seus parentes e amigos. Se fôr impossível, reduzir e melhorar o trajeto;
- atravessar o "corredor dos mortos", onde ficam, em algumas localidades, corpos visíveis, esperando identificação (e, às vezes, necrópsia). Se fôr impossível, reduzir e melhorar o trajeto;
- cheiros e odores associados com cadáveres, putrefação, formol, outros;
- visão direta de corpos mutilados e deformados. Isso pode ser feito com um tratamento estético mínimo dos corpos e a possibilidade de identificação por circuito interno de TV;
- É uma questão de humanidade, mas também é uma qüestão de economia social, porque as vítimas secundárias podem ficar incapacitadas para trabalhar por muito tempo.
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